domingo, 2 de novembro de 2008

Cheiro de Goiás


Estava em São Paulo, seminário, hora do intervalo: café, água e no caminho um vento quente , havia uma janela por onde o sol entrava trazendo calor ao auditório gelado.
Com a brisa veio um cheiro de comida, de temperos e era familiar, cheiro de uma cozinha que eu conheço bem ,cheiro da minha terra, de comida goiana, de pequi , de mesa grande, panelas com galinhada, pupunha, empadão , pamonha, pão de queijo, peta, broinha.
Conversa na varanda com café, causos, lendas dos índios, histórias de boiadeiro, problemas da chácara, o bezerrinho que nasceu, a gata que sumiu, as galinhas dángola que não param de se multiplicar, as receitas, as plantas, o cheiro de terra vermelha molhada depois da chuva.
Saudades da minha gente, da simplicidade da vida sem stress. Lá eles têm problemas, mas não é stress.
Lá todo mundo almoça em casa, e ainda tira uma sesta antes de voltar ao trabalho, lá da tempo, lá tem tempo, o tempo dá.
Onde aprendo as maiores sabedorias: nome de flor, nome de erva, nome de fruta, a função de cada erva medicinal, os chás, como plantar, o que cada planta gosta, receitas pra vida.

Em Goiás aprendi que:
Final de festa deve ser servido caldo quente para não dar ressaca, e o sujeito voltar bem pra casa.
Boiadeiro leva nas viagens rapadura e carne seca porque são alimentos que suportam calor e não estragam.
Se você cair do cavalo, monte de novo, principalmente se for criança, para não ficar com trauma.
Tem uma flor que faz tinta, basta macerá-la. Tem outra que podemos chupar o melzinho do cabinho.
E uma pedra que se molhar vira giz e dá para desenhar com ela.

No aeroporto aguardando o avião de volta para o Rio, procurei o correio e escrevi um postal para minha família.
Para aplacar a saudade, chegar mais perto, contar do cheiro que chegou até mim, me aqueceu e me fez um carinho.

Nenhum comentário: